terça-feira, 23 de abril de 2013

Τελος

Um único pensamento. Ser penetrado por uma faca, senti-la a enterrar-se entre as costelas, atingindo não mais que um único órgão vital, o coração. Senti-la perfurando cada milímetro desse músculo sem sentir qualquer dor, apenas dormência. Depois, com um movimento sagaz, a lâmina é retirada, deixando na sua ausência, uma gélida frieza que a acompanhava, e uma ferida.
O coração envia o sangue por caminhos erróneos, inundando os pulmões, asfixiando-os, banhando-os com o seu delicado líquido da vida. Quando todos os orifícios estão preenchidos o tempo abranda, abranda até parar, e sem mais demoras, acaba.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Prazeres efémeros



O vermelho escorria, excitava-o, era um dos seus prazeres. Não era para aliviar as dores psicológicas, mas sim para se distrair da realidade. Esvaziava a sua cabeça, parava de pensar, deixava as emoções esvaírem-se das suas veias, explodindo num êxtase imenso, que quebrava o espaço e o tempo. 
Depois, deixava-o escorrer, enquanto assistia ao espectáculo, sem preocupações, longe de tudo. Mas por fim, esse silêncio quebrava-se, a razão do mundo voltava a invadir-lhe a mente, lentamente, arrastando consigo todos aqueles problemas que o afligiam, que o faziam odiar cada segundo da sua consciência.